Segue um breve e fantástico resumo da história do comunismo produzido pelo escritor e analista político Roberto Motta, resumo este o qual foi baseado na obra "Ideas That Matter: The Concepts That Shape The 21st Century", de A.C. Gray.
O marxismo foi fundado por Karl Marx e Friedrich Engels.
Engels era um menino rico, filho de um industrial, e usou o dinheiro do pai para sustentar Marx enquanto este estudava durante anos na Biblioteca Britânica e escrevia Das Capital (O Capital).
A ambição do marxismo é ser uma teoria geral do mundo. A base do marxismo é a descrição das relações econômicas como uma “luta de classes”. Esse conflito seria o motor da história.
Segundo o marxismo, a inevitável degradação do capitalismo levaria à sua substituição pelo socialismo, que seria sucedido pelo comunismo, representando a utopia final da humanidade: um estágio em que não haveria mais conflitos pela posse de recursos. A propriedade privada capitalista seria substituída, no socialismo, pela propriedade estatal de todos os meios de produção. No Estado socialista, todas as fábricas, lojas, oficinas, aeroportos, supermercados, escolas, hospitais, editoras e fazendas pertencem ao Estado. No comunismo, o Estado desaparece, substituído pela propriedade coletiva: tudo é de todos.
TODAS as tentativas de implantar um regime socialista ou comunista ficaram muito aquém da utopia imaginada por Marx e Engels.
Os primeiros Estados comunistas surgiram na Rússia em 1917 e na China em 1949. A Rússia virou União Soviética e, liderada por Stalin, expandiu sua influência através de partidos comunistas controlados e financiados por Moscou, chegando à Itália, França, Reino Unido e Brasil. Na Europa Oriental os tanques do Exército Vermelho e violência e fraude colocaram os comunistas no poder, dividindo a Europa com uma cortina de ferro.
Como conta Tony Judt, no seu livro Pós-Guerra: Uma História da Europa Desde 1945, sobre países do leste europeu:
“[…] logo ficou patente […] que os comunistas jamais conquistariam o poder público através das urnas. O resultado foi que os partidos comunistas passaram a adotar uma estratégia de pressão velada, seguida de terrorismo e repressão".
"Entre 1946 e 1947, candidatos concorrentes foram difamados, ameaçados, espancados, presos, julgados como “fascistas” ou “colaboracionistas” e até mesmo fuzilados. Seguiu-se então a formação de governos nos quais o Partido Comunista passou a ser absolutamente dominante". Em todo lugar em que o comunismo se instalou, o resultado foram regimes autoritários ou tirânicos, controlados por um partido único, que era, por sua vez, controlado por um grupo de líderes todo-poderosos, a quem tudo era permitido.
Ao cidadão comum restou uma vida de pobreza, medo permanente e privação dos direitos mais básicos – exatamente o contrário do que promete o sonho do comunismo. Como diz A.C. Grayling:
"A economia de planejamento centralizado dos Estados comunistas se mostrou um desastre. […] Na prática, os Estados comunistas mostraram que eram apenas versões modernas das ideologias monolíticas que formam os regimes totalitários, incluindo as teocracias".
No XX Congresso do Partido Comunista da URSS, em fevereiro de 1956, o Secretário-Geral Nikita Kruschev denunciou os crimes monstruosos e os desastres de Stalin. A União Soviética deixou de existir em 1991, e a Rússia trocou o comunismo por um capitalismo de compadres, alicerçado em intervenção estatal e corrupção.
A China mantém um sistema comunista de governo, mas desde os anos 70 vem implantando uma economia de mercado que, em alguns aspectos, é ainda mais agressiva que as dos países do Ocidente.
Apesar disso, as ideias marxistas continuam a exercer influência na cultura e na filosofia, como diz A. C. Grayling:
"[...] principalmente na análise e na crítica de tendências nas artes e na mídia, em certas escolas de pensamento sociológico, no pensamento feminista, e como uma posição conveniente para críticos de quase todos os assuntos".
No confortável mundo dos professores universitários assalariados, a retórica marxista pode ser combinada com, digamos, ideias lacanianas – na verdade, com qualquer ideia – para produzir dissidência instantânea e sob medida. Como uma espécie em extinção, o marxismo encontrou no meio acadêmico seu último refúgio.
Sua filosofia política e sua forma de governo, encarnadas no comunismo, se revelaram um fracasso político, econômico e moral".
Os únicos cinco países comunistas do planeta Terra são China, Laos, Vietnã, Cuba e Coreia do Norte.
Cuba, por enquanto.
Fonte: A.C. Grayling, Ideas That Matter: The Concepts That Shape The 21st Century, Basic Books, 2010